domingo, 13 de dezembro de 2020

Tempos de fuga

Imagem colhida em tempos do mural do «facebook»
do Professor Galopim de Carvalho

Corre o tempo por nós ou nós pelo tempo. Mais ou menos emparedados, receosos, imersos em “notícias” pouco animadoras, vemos o ano correr para o seu término. E o tempo, que é de Natal, flui tristonho, sobrepondo-se à alegria associada à quadra, que uns vivem autenticamente e outros de modo convencional e de que outros estão arredados de qualquer modo.

Nos tempos que o governo permite ao comércio acorrem os consumidores, no afã de adquirir as prendas típicas da época. Com não menos ânsia o desejam os lojistas, fitos no dinheiro que lhes permita manter as portas abertas. E os funcionários/trabalhadores almejam, também eles, pela retoma da actividade que os poupe à perda dos seus empregos.

Por esta altura, retornei às páginas luminosas da carta encíclica «Laudato Si’», do papa Francisco. É todo um modelo de “desenvolvimento”, de economia e de modo de vida que te(re)mos que repensar, quanto mais cedo melhor, e já vamos tarde. E é aqui que se levantam obstáculos de monta, que só nos resta enfrentar, porque não nos é possível contorná-los:

- Sabemos que o planeta ficará exaurido de certos recursos e que não aguenta(re)mos o efeito do acumular de tantos resíduos e poluentes (já o planeta, em si, aguenta tudo, e não precisa nada dos actuais seres vivos complexos, com a humanidade à cabeça, para continuar a evoluir). Até de máscaras e de luvas os oceanos se estão a encher, com consequências que não sabemos medir…;

- O número de pobres e o grau de pobreza (em «relação íntima» com «a fragilidade do planeta», como escreveu o papa Francisco), a fome e a violência, a ignorância e o desrespeito pelos direitos humanos são problemas que se mantêm ou agravam ou se expandem em demasiados pontos do globo.

No imediato, o vírus SARS-CoV-2 condiciona deveras a vida das pessoas. Os governos fazem o que podem e o que sabem (havendo os que não se importam e fazem o que querem…), aguardando por melhores dias, que a ciência não deixará de proporcionar. Entretanto, do choro pungente da ministra da saúde de Portugal, à acção dos profissionais de saúde e, sobretudo, ao esforço e cuidado dos cidadãos responsáveis, tudo deve somar-se no estímulo à energia que temos que encontrar em nós mesmos para enfrentar a tormenta sanitária dos tempos actuais, que venceremos.

E o Natal, inspirado na comovente história religiosa de um menino pobre e despojado, há-de viver-se com a esperança funda de sempre, no íntimo dos corações. Deseja-se que não descuremos (todas) as precauções possíveis.

Só pode ser assim.

Feliz Natal.

José Batista d’Ascenção

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