sábado, 3 de junho de 2023

Verdade, beleza e bondade

Parece que Einstein entendia os conceitos de verdade, beleza e bondade (não por esta ordem…) como ideais «que iluminaram o seu caminho». Não é fácil discordar, e não apenas induzidos pelo reconhecimento da importância e da influência daquele génio.

A formulação é concisa, directa e geral. Mas é menos clara e muito menos objectiva na sua aplicação concreta do que pode supor-se.

O que é a verdade? Não é o mesmo para todos, sobre a maioria dos assuntos. E, no entanto, não há ética sem princípios que se aceitem como verdadeiros. Princípios, atitudes, procedimentos, opções, decisões. Os próprios factos são-no se os aceitamos (ou conseguimos ver) como tal: A Terra não é plana, mas os “terraplanistas” não aceitam esse facto!

Para o conceito de beleza, a destrinça é ainda mais problemática. A minha cultura e a minha educação determinam os meus padrões de beleza. Quando eu era menino (ainda) ouvia a pessoas mais velhas: «gordura é formosura». E hoje, quando me deparo com certas obras de pintura ou escultura do século XX, vejo nelas beleza ausente e arte nenhuma. É com certeza impreparação minha, mas não apenas (suponho), nem principalmente, em muitos casos.

A bondade é para mim um conceito aparentemente mais transparente. Mas qual é o grau de aparência? Não o sei quantificar. Conheci e conheço pessoas extraordinariamente bondosas. Mas essas não correspondem, em minha opinião, a “protótipos” frequentes. E, a meu ver, quem é bom ou menos bom razões há-de ter, conhecidas ou não, voluntárias ou involuntárias. E não se é bom (ou menos bom) sempre. Mandela ou Luther King foram sempre bons (por quaisquer critérios humanos)? Mais: era possível ou desejável que o fossem?

Seja como for, a tríplice fórmula “einsteiniana” é o melhor que se pode arranjar.

Se aspirarmos a ser verdadeiros e a conhecer a verdade, se apreciarmos e respeitarmos o belo e se nos esforçarmos por ser bons, «desde que haja saúde e paz, o resto a gente faz»; li este acrescente não sei onde, em entrevista a Alice Vieira.

E faz(emos) melhor.

José Batista d’Ascenção

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