segunda-feira, 12 de agosto de 2024

Belezas do Portugal «interior»

A Mafalda e a Lurdes no «vértice» entre Tejo e Zêzere,
 na antiga «Punhete», que hoje se chama «Constância»

Em Portugal Continental tudo o que está a mais de 30-40 km da costa é «interior», não obstante nenhum lugar do Continente distar mais de 200 km do mar, em linha recta.

Pois o nosso «interior» oferece maravilhas (paisagísticas, florísticas, culinárias, de monumentos históricos e naturais, etc.), que é uma pena que muitos portugueses, mesmo os do interior, desconheçam, exceptuando as dos sítios onde nasceram, sendo que, nestes casos, não raro, são os próprios que as desvalorizam, como que fartos das misérias pessoais a que as associam desde o berço. Uma tristeza, que talvez se atenue com o passar das gerações.

Desta vez, a minha (pequena) «tribo» familiar passou uns dias no centro do rectângulo, para nos regalarmos com jóias diversas, não muito distantes umas das outras, e em que os pequeninos (com pouco mais de três anos), que sempre nos acompanharam, deram mostras de grande resistência e entusiasmo (talvez por não estarem viciados em monitores e televisão). Seguem alguns exemplos.

A visita, de várias horas, ao museu ferroviário do Entroncamento. Pena que não faça parte da rede nacional de museus, com acesso gratuito um dia por semana (boa medida, a tomada recentemente pelo governo, nesta matéria). Entrada: 6,00 €. Da mesma qualidade só o que vi, há uns anos, em Utreque. Até deu para almoçarmos numa carruagem provida de ar condicionado (o almoço levámo-lo nós). Os meninos gostaram muito.

O castelo de Almourol. Uma preciosidade num enquadramento belíssimo. O bilhete é para o acesso de barco: 4,00 €. Os pequeninos também subiram às ameias e ao topo da torre, apenas pela mão, sem colo, na ida e na vinda.

Parque ambiental de Santa Margarida (Constância). Muito bom, para fruição e como estação de educação ambiental. Os mais pequenos gostaram de ver os peixes, a rã que o avô capturou para verem de perto e sentirem o viscoso da pele, as libelinhas azuis, vermelhas e cinza, os gafanhotos, que também apanhámos para visão mais pormenorizada, os aromas a sálvia, alecrim, murta, louro, limonete, erva príncipe e outros das plantas do respectivo talhão, as bolotas, algumas com os seus “chapéus”, e as castanhas da Índia com que enchemos os bolsos. E ainda houve uns figos pretos apanhados na figueira. Bem merecemos o lanche em sombra frondosa, como se a temperatura do ar ao sol não estivesse nos 36ºC ou próximo disso.

O passeio por Constância. Observada dos miradouros fronteiros, na margem direita do Zêzere, a vila é uma beleza. A Mafalda, a nora e mãe dos meninos, queria muito ir ali, à terra do seu trisavô, Adriano Burguete, médico constancience, que foi presidente da câmara e que teve importância na defesa da tradição local que refere que Camões viveu naquela vila durante algum tempo, em cumprimento de pena, numa casa à beira-Tejo sobre cujas ruínas veio a ser edificada, mais tarde, a casa-memória de Camões.

José Batista d’Ascenção

6 comentários :

  1. Deverias estar sempre a escrever! Aprecio mesmo.

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    1. Subscrevo! É uma delícia a escrita do nosso amigo!

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    2. Muito obrigado, a quem quer que seja. O meu abraço.

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  2. Obrigado, Regininha. És uma querida. Beijinhos.

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  3. É uma delícia ler-te, Batista! 😍 Continua, para nosso gáudio! ❤️

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    1. Ainda corro o risco de ficar vaidoso, Aurorinha. Mas que me sabe bem, lá isso sabe. Obrigado. Beijinho.

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