É preto e está gordo e lustroso. Passa bons bocados à beira do lago da Escola Secundária Carlos Amarante (ESCA), atenção fixa – focado, como agora se diz – nos batráquios que vêm colocar-se sobre as pedras dos bordos. E então, ágil como diz quem vê, pode caçar uma, duas ou três rãs em pouco tempo, dilacerando e deliciando-se com cada uma, antes de passar à seguinte.
A sua distinção para murar (ou “arranzar”…?) quase dispensava o cuidado que a (minha) colega (professora) amiga de gatos lhe dedica, trazendo(-lhe) comida que coloca numa tigela ao lado da casota improvisada colocada ali perto, num canto abrigado. O bichano não passa(rá) fome e parece gostosamente adaptado a condições deveras favoráveis. A dona, pelos vistos, mora do lado de lá da rua e não precisa de se preocupar com a alimentação do tareco.
Porém, o felino não deixa de ter concorrência. Nas últimas duas décadas, elementos de uma (muito grande) colónia de gaivotas, aparentemente cada vez mais numerosa, sobrevoam diariamente céus e telhados de Braga, sendo que algumas delas também já descobriram as rãs do lago da minha escola, quem sabe se como abastecedor de suplemento aos resíduos alimentares mais ou menos decompostos a que se habituaram no aterro sanitário da Póvoa de Lanhoso. Estas gaivotas, diz o senhor Manuel Silva, chefe dos funcionários da ESCA, já podem ter perdido o hábito de pescar, “arte” porventura mais custosa na obtenção de comida.
Um e outro caso configuram rápidas mudanças adaptativas dos bichos em resultado das influências dos humanos na Natureza. Mudanças muito elucidativas e fáceis de observar.
José Batista d’Ascenção
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