domingo, 22 de janeiro de 2017

“No Ródão, a ignorância sobre o nuclear é uma bênção”

O título garrafal na capa do “Público” de hoje faz doer. O conteúdo ocupa integralmente as páginas 2 e 3 do jornal. Nele se revela que, em Vila Velha de Ródão, as pessoas não se preocupam com o perigo da radioactividade que pode resultar de algum acidente na central nuclear de Almaraz, em Espanha. E não são apenas as pessoas comuns. O director do agrupamento de escolas, frequentado por cerca de 200 alunos, apesar de reconhecer que é preciso “apetrechar as pessoas para os procedimentos básicos de segurança”, o que, pelos vistos, ainda não foi feito, consegue afirmar que “o nuclear (…) é algo como se não nos tocasse a nós”. O posto local da GNR não tem um único alerta para esse perigo. E no centro de saúde, “o alerta mais visível é o relativo aos cuidados a ter durante as ondas de calor”, o que se justifica, mas, “sobre o risco nuclear, nem uma linha”.
Naquele panorama preocupante, só a farmacêutica, uma jovem de 27 anos, no fim da gravidez, parece dar-se conta do perigo que espreita os habitantes da localidade portuguesa que recebe o maior rio que corre em Portugal, vindo de Espanha, depois de, cento e tal quilómetros antes da fronteira, refrigerar os dois reactores da central nuclear de Almaraz. Duzentos quilómetros depois, aquele grande rio internacional banha Lisboa, a capital do país. Em matéria de radioactividade bem poderíamos dizer: de Espanha nem bom vento nem boa água…
As autoridades portuguesas e os portugueses fazem bem em dar a maior atenção ao assunto. Se não nos preocuparmos connosco, quem se preocupará?
Não basta que se recomende que, em tempo de frio, as pessoas devem vestir (mais) camisolas e usar luvas (sobre este assunto, ver texto anterior).

José Batista d’Ascenção

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