sábado, 18 de novembro de 2017

Fazer bem sem olhar a quem

Ontem participei num jantar comemorativo dos 30 anos da «Associação Famílias» de Braga, presidida pelo Dr Carlos Aguiar Gomes, que há três décadas a fundou, com o apoio da sua esposa, a Dra Luísa Aguiar Gomes, a voluntária mais antiga da instituição, instituição que presta apoio em diversas áreas a quaisquer famílias que a procurem, «independentemente da situação em que vivam».
Carinhosamente convidado a participar, encontrei com muito gosto o Carlos e a Luisinha (gosto de os tratar assim e é assim que os trato), meus queridos amigos e colegas de profissão (aposentados), pois que fomos professores durante vários anos na mesma escola em que há quase duas décadas nos conhecemos e em que continuo a trabalhar. Foi um ambiente bonito, muito fraterno e acolhedor. Uma muito jovem e talentosa violinista encantou-nos, no início, a meio e depois da refeição, com a beleza, a harmonia e a qualidade da sua música. Os participantes estavam animados de boa vontade e de franca convivialidade. O Carlos e a Luisinha quase não se sentaram, foram a cada mesa, junto dos comensais, em manifestação de amena proximidade, abraçando ou tocando suavemente cada um enquanto todos comiam. Numa mesa mais afastada da sua, não vi que qualquer deles comesse. Mas a todos alimentaram com a sua amizade e franca bonomia. E, ali mesmo, durante o repasto, que soube particularmente bem, porque era bom e porque reunia as condicionantes afectivas propícias, não foi esquecido e pudemos pôr em prática um módico de solidariedade com quem precisa.
Além disso, ainda me calhou ficar ao lado de colegas conhecidos e prezados que há muito não via e com quem pude pôr «a conversa em dia». Tinha ainda como companheiros de mesa pessoas de mais e menos idade, alguns muitos jovens, e todos foram uma companhia simpática, agradável e sincera.
Não pude ficar até ao fim e tive pena porque me estava a sentir muito bem. À despedida, comovi-me e, ao atravessar a porta, duas grossas lágrimas, que momentos antes conseguira reter, despenharam-se dos meus olhos. Não eram de tristeza.
De caminho, o tribunal da minha consciência alertava-me para o quanto sou devedor de atenção e de partilha com os que têm menos do que eu.
Obrigado, queridos amigos.

José Batista d’Ascenção

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