domingo, 14 de outubro de 2018

Proteger o ambiente, um dever premente e permanente

Praia fluvial do Taboão, no rio Coura
De Norte a Sul, de quaisquer pontos das fronteiras do interior com Espanha até ao mar, o nosso país tem trechos de paisagem estupendamente belos e muito diversificados. E as cidades e vilas e lugares, particularmente os que têm fortalezas ou castelos medievais, oferecem-nos vistas magníficas que poderíamos ligar ao peso da História, a qual, porém, fica leve à generalidade dos portugueses, tais são a dimensão e amplitude em que a ignoramos e a indiferença satisfeita e acomodada com que lidamos com esse facto.
Quando não conhecemos o passado (e tantos professores se esforçam para que isso não aconteça) é às nossas raízes e a nós próprios que desconhecemos, não compreendemos o presente nem somos capazes de prever minimamente nem de projectar o futuro. A educação, no seio das famílias, com tantos especialistas a fazer análises e recomendações (pedólogos, pedagogos, psicólogos, psiquiatras, metodólogos, entre outros…) é cada vez mais matéria incacabada, e a escola corre atrás do tempo, com os professores desvalorizados e objecto dos mais desencontrados reparos e conselhos, como se todos soubessem o que eles devem fazer e como fazer, excepto eles próprios.
Assim mesmo, imersos num turbilhão de incertezas, não restam dúvidas de que é absolutamente necessário preservar o ambiente, sob pena de pormos em risco a nossa sobrevivência. A capacidade de poluir e de destruir a Natureza é tão grande que o risco que corremos se sobrepõe perigosamente à probabilidade de ocorrência de alguma catástrofe natural generalizada. E é bom pensarmos que o planeta com ou sem as espécies ditas superiores (que incluem os animais complexos e o ser humano) continuará a evoluir na imensidão do tempo, ou seja: nós (com essas espécies) é que dependemos absolutamente das condições da Terra, que não é nossa (nós é que somos dela), pois em nada somos imprescindíveis à evolução longínqua nem ao destino último do astro em que habitamos.
Além do mais, é possível usar o ambiente natural para fins económicos, culturais, lúdicos e recreativos sem o afectar significativamente ou, como agora se diz, de forma sustentável. Este fim-de-semana fui (finalmente) passear nas margens do rio Coura, um dos poucos rios limpos do país, na praia fluvial do Taboão, em Paredes de Coura. Há dois meses ocorreu ali um festival de música muito conhecido, e todo o espaço foi pisoteado por dezenas de milhares de pessoas, durante vários dias, e o leito do rio «transbordou» de corpos humanos que se banhavam e divertiam. Nas semanas seguintes ao «evento» o aspecto do local parece-me sempre triste, com a relva destruída, o lodo remexido e as águas turvas, sendo que os serviços tratam imediatamente de remover todo o lixo e resíduos produzidos. Acontece que, passado este tempo, que não foi tão longo assim, a Natureza já fez o seu papel e pôs tudo bonito, como estava antes e costuma estar sempre.
Ou seja, a Natureza está certa, por ser a Natureza. A nós cabe-nos compreendê-la para a podermos respeitar. E aí sim, somos dela como deve ser e, por lhe pertencermos, podemos legitimamente usufruir dos seus deleites. Parece-me que crianças e jovens percebem isto muito bem.
Só isso (n)os salvará. 

José Batista d'Ascenção

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