sexta-feira, 26 de abril de 2019

Uns dias nas Galápagos (IV) – notas curtas sobre a flora

Como dito em texto anterior, o coberto vegetal nas Galápagos é variável, dependendo da disponibilidade de água no solo, seja pelo grau de secura seja pela elevada quantidade de sais, consequência da forte evaporação, facto verificável em diversos lagos salgados como presenciámos no interior das ilhas Santa Cruz e Isabela. Em consequência, a vegetação típica inclui desde cactos característicos das regiões áridas destas ilhas, do género Opuntia, de que se originaram variedades endémicas, e «cactos candelabro», endemismo que observámos na ilha Isabela, até ao verde intenso das zonas onde os solos são mais húmidos.
Onde o crescimento é viçoso, as árvores podem apresentar-se cobertas de líquenes, que pendem abundantemente, fazendo lembrar tufos densos de teias de aranha. Em certas zonas, há trilhos bem delimitados e sinalizados que conduzem os passeantes por frondosos e frescos túneis de sombra.
Líquenes pendem de uma árvore
Uma árvore típica destas ilhas, pertencente à família das «euforbiáceas», dá um fruto verde que faz lembrar uma pequenina maçã (sendo que as macieiras pertencem a uma família diferente, a família das «rosáceas»). O fruto contém uma substância leitosa tóxica para os humanos. Por isso, são frequentes as tabuletas com avisos recomendando os necessários cuidados, na base destas árvores. Estes frutos são, no entanto, consumidos pelas tartarugas gigantes que as digerem sem que lhes causem qualquer mal.
A mancenilheira dá frutos venenosos






Nas zonas baixas, sujeitas à variação do nível das águas das marés, crescem os mangais. As raízes destas plantas fixam os solos e constituem bons ambientes para o refúgio e habitat de muitos peixes e vários outros animais. Na ilha Isabela vimos referidos quatro tipos de mangal, um deles arbóreo, o qual pode atingir grandes dimensões. Nesta ilha, percorrendo a pé ou de bicicleta «el sendero» até «el Muro de Lágrimas», na zona do «Estero» pode observar-se um exemplar com um tronco com dois metros de diâmetro.
Entre os espécimes de cultivo, já foram referidos, em texto anterior, verdejantes e produtivos bananais, com frutos de grande tamanho, comparativamente a muitos dos que consumimos nos nossos supermercados. Nas zonas habitadas, junto das habitações, coqueiros, alguns com mais de 10 metros de altura, exibem abundantes frutificações.
Não vimos áreas de milheirais, mas vimos frequentemente, às refeições, pessoas comerem maçarocas de milho assado. E a nós mesmo foi-nos servido, como acompanhamento de um saboroso creme de abóbora, no início de um almoço, um pires de pipocas (por pessoa). Provámos a combinação, mas não fomos além disso.

José Batista d’Ascenção

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