O termo “avença” não significa apenas uma quantia certa que se paga antecipadamente por serviços durante um certo prazo, significa também conciliação entre duas partes, acordo, etc.
A política caseira não está imune a avenças materiais, não apenas porque é feita por seres humanos com as qualidades e defeitos que (n)os caracterizam, mas, sobretudo porque os sistemas de controlo (também eles feitos por humanos) têm múltiplos buracos muito oportunos e de elevada (má) frequência, e porque a justiça, que devia ser cega, é convenientemente estrábica ou grotescamente zarolha, para além de, nos casos graúdos, progredir à velocidade das lesmas, em vias pejadas de pontos “stop”, correspondentes a milhentos recursos accionados por quem pode pagar. A descrença do povoléu não conta para o efeito.
Já as avenças conciliatórias entre políticos podem não ser muito sinceras, mas sempre vão dando para manter uns quantos lugares, aceder a eles ou distribuí-los a preceito por quem os há-de ocupar. As cadeiras de alguns deputados são um dos campos de aplicação da metodologia, que se estende a muitos outros, da política à finança e da finança à política, de que todas as instituições, a economia, a saúde e o bem-estar geral dependem.
Por outro lado, as desavenças político-económicas são reais, algumas, e muitas tornam-se subterrâneas, sem que lhes diminua a intensidade. Outra são mais ou menos convencionais, em propaganda para entreter a populaça, ao jeito do ora agora como eu, ora agora comes tu, logo comes tu mais eu.
Como a política se tem tornado um jogo pouco ético, às escâncaras, e a democracia não sabe ser firme com os que a apoucam e subvertem, servindo-se dela, vamo-nos aproximando do autoritarismo por voto democrático, até o mundo ficar nas mãos de loucos, criminosos e assassinos.
Em Portugal ainda não é assim, mas não há bons auspícios.
Precatemo-nos, enquanto é tempo.
José Batista d’Ascenção
Muito bom
ResponderEliminarEstá tudo dito