domingo, 30 de abril de 2017

Abril de rosas e de esperança

Em Abril esperanças mil. Crescem os dias, renovam-se as plantas e surgem as flores, muitas flores.
Rosas de Abril
No meu quintal, as rosas florescerem tão intensamente vermelhas como de costume. Como eu gosto. Mais atrasados estão os craveiros, também vermelhos, que a minha mãe me deu: aguardo-os lá para fins de Maio, que é também um tempo bonito. Este Abril tivemos sol e calor, houve dias mais frios na semana que findou e hoje de manhã choveu. Enfim Abril foi Abril, na meteorologia e na inclusão do tempo da Páscoa, com férias para os alunos e interrupção das aulas para os professores, um interregno tão necessário quanto saboroso.
Em matéria de política, houve a primeira volta das eleições presidenciais em França, muito temidas, mas com resultados (apesar de tudo) esperançosos para a segunda «ronda», na sequência de idênticos resultados na Holanda, no mês anterior. O mundo não goza de perfeita saúde e inspiram receios as personalidades que mandam em muitos países (Trump, Erdogan, Orban, Putin, Kim Jong-un, etc.), mas o mundo nunca esteve bem para a maioria das pessoas e a racionalidade dos movimentos político-sociais é um mito dos demagogos, que lideram, e da massa de ingénuos, que os seguem. Em termos gerais, a humanidade não se sente (mais) confortável nem segura (e próspera só uma parte, minoritária), mas isso faz parte do sentimento e da acção dos seres humanos de todos os tempos, creio. Salva-se quem pode, fora os casos aleatórios de fim trágico e os poucos que têm sorte, às vezes sem saber como, e submerge uma imensidade de gente na fome, na doença, na guerra e no crime dos poderosos, inexorável e… impunemente. Como sempre.
À escala do planeta, que vai sendo violentamente agredido pela ação dos humanos e pode estar a caminhar irreversivelmente para a insustentabilidade ambiental, conviria convencer as pessoas de que a humanidade pode estar a apressar vertiginosamente o seu fim, o que é diferente de supor que a vida na Terra acabará: não acabará, acabaremos nós e as formas de vida não adaptáveis (aquelas a que chamamos “vida superior”) e sobrarão as restantes, às quais não faltará tempo para evoluírem para outros seres adaptados ao meio que for existindo, qualquer que ele seja. Se assim for, daqui por umas dezenas ou centenas de milhões de anos, os humanos aparecerão no registo fóssil, possivelmente de modo abundante nas camadas elevadas (possivelmente montanhas) do que são hoje os fundos (sedimentares) do Mediterrâneo, onde morrem actualmente pessoas aos milhares, fugidas da desolação e da guerra de países africanos e do próximo-oriente. Seremos então uma curiosidade biológica como o são hoje os fósseis de dinossauros ou trilobites, quando e se os estádios da evolução tiverem atingido (de novo) formas viventes com os necessários requisitos de inteligência. Esta é uma matéria de Abril e de todos os outros meses, que não devemos descurar, sobretudo os professores.
Abril trouxe aos portugueses, e a alguns de nós em particular, o grato sentimento da vivência e comemoração dessa data bonita que é «O 25 de Abril – O Dia da Liberdade».
A mim, trouxe-me ainda a possibilidade de conviver de próximo com os meus filhos e a minha mulher e de rever e estar com amigos que, nalguns casos, não via há longo tempo. Também conheci pessoalmente o Professor Galopim de Carvalho – uma personalidade luminosa -, o que foi particularmente grato, me comoveu e encheu de esperança. Uma esperança que eu não sei definir o que seja mas que sinto de forma particular. Foi para registar aqui este parágrafo e o anterior, que escrevi os que os antecedem neste texto. Texto que, depois de reler, me permiti publicar.

José Batista d’Ascenção

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