quarta-feira, 5 de abril de 2017

Podas incompreensíveis

Os portugueses não gostam de árvores. Aparentemente, os políticos portugueses também não. Os bracarenses, especificamente, não gostam de árvores. Consequentemente, os autarcas de Braga também não gostam (ou é o que parece e que contraria a ideia que tinha de alguns deles...).
Anteontem, à tarde, regressava a casa, passando pelo que, daqui a pouco, seria o maior e melhor e mais confortável e mais belo túnel de verde das artérias de Braga, quando deparo com um exército de podadores e maquinaria e polícias a proceder a uma poda de árvores, quando elas se preparam para desabrochar. Foi um desapontamento e uma revolta. Chegado a casa tomei a iniciativa de enviar «mail» de indignação e de protesto para o presidente da câmara, para o vice-presidente e para os vereadores do urbanismo e do ambiente. O meu esforço não teve consequências positivas, o trabalho de destruição das árvores continua, diligentemente.
Poda, em Abril, numa das poucas artérias arborizadas (de uma freguesia limítrofe) de Braga
Reproduzo de seguida o mail enviado, com omissão do que não interessa e pequena correção dentro de parêntesis recto:

Assunto: Podas inadmissíveis na estrada de Real
Data: Mon, 3 Apr 2017 17:15:41 +0100
De: José Batista <josbat@sapo.pt>
Para: presidente@cm-braga.pt, firmino.marques@cm-braga.pt, miguel.bandeira@cm-braga.pt, altino.bessa@cm-braga.pt

Ex. mo Senhor Presidente da Câmara
Ex. mo Senhor vice-Presidente da Câmara
Ex. mos Senhores Vereadores do Urbanismo e do Ambiente
Eu, [nome], morador em […], acabo de passar na estrada de Real e  fiquei consternado: o maior e melhor e mais bonito túnel de verde e de sombra de (toda a) Braga e arredores [exceptuando o Bom Jesus, que não é da responsabilidade da autarquia], está a ser diligentemente podado, quando as árvores (lódãos) ainda mal despontam. Como é possível?
- Esta não é altura de podar árvores.
- Aquelas e todas as árvores produzem oxigénio (tão necessário), consomem dióxido de carbono (tão perigosamente abundante), começam a fazer sombra (tão útil e agradável), moderam as temperaturas (tão extremadas) e são um consolo para a vista e para a alma. Parei, fui fotografá-las, antes da decapitação...
- Pago, como é da lei, e do dever, todos os meus impostos e não compreendo: como se gasta tempo, energia e dinheiro com afazeres tão prejudiciais? Porque não se limpam as bermas das estradas, onde não é improvável que venham a ocorrer fogos dentro de pouco tempo? Ou as florestas, pelo menos nos sítios mais perigosos para pessoas, animais e habitações?
Fui falar com os agentes que vigiam o acto, que me parece criminoso. Foram simpáticos (ao menos isso), disseram-me que terão sido pessoas a pedir aquela poda (não sabendo eu o que ganham com isso, porque aquelas árvores vão rebentar com mais força daqui a um mês e produzir mais pólen ainda, se é esse o problema, que outro não vejo...) e que só a intervenção junto da Câmara poderia contribuir para parar o delito que está a ser feito. Por isso esta minha comunicação, in extremis.
Se nada for feito ainda, conto publicar as fotografias de antes e de depois e imputar as responsabilidades a quem as deve assumir, que é o mínimo que posso fazer.
Com muito pesar.
Aceitem os meus melhores cumprimentos.
[nome]
Fim da reprodução.
A mesma artéria, vista no sentido oposto
 José Batista d’Ascenção

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