domingo, 2 de julho de 2017

Quando, por más razões, a chuva e o frio sabem bem

Os dias amenos e a chuva da semana passada foram um refrigério. Oxalá não se tenham limitado a um intervalo saboroso no inferno dos incêndios. O Verão é o tempo do calor e o calor devia saber bem, não fora o trauma e o “medo pânico” que se alojou no peito de pessoas como eu. O governo parece à nora; a oposição é casuística e oportunista; o que chamam “protecção civil” aparenta ser uma inutilidade - excepto para os que nela têm algum emprego ou função remunerada ou negócio relacionado… - em que ninguém confia, se bem que todos reconheçam o esforço e a coragem dos bombeiros, que, no entanto, deviam estar mais ligados à prevenção do que ao combate, particularmente quando as condições o tornam impossível. Os políticos e os autarcas (ainda) não envolvidos no turbilhão fazem figas em silêncio. As entidades que deviam proteger o ambiente e, especificamente, a floresta mantêm-se discretamente no limbo. Os interesses económicos relacionados com a celulose tratam da sua vida. E os cidadãos, que são capazes de uma solidariedade comovente, procedem com indiferença e fraca noção de responsabilidade e nenhum espírito de exigência nos meses do Outono, do Inverno e da Primavera, relativamente ao que não se faz/fazemos pela nossa floresta, que devia ser um “activo” - como agora se diz – muito valioso para as pessoas e para a economia do país. E o panorama torna-se ainda menos animador quando se ouvem disputas sobre como aplicar os donativos já recolhidos para acorrer às vítimas.
Parece que só nos resta rezar… Mas é pouco avisado empurrar para Deus ou para os santos o que é do nosso estrito dever.
Teremos sorte?

José Batista d’Ascenção

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