terça-feira, 4 de junho de 2019

Condicionantes da qualidade de vida dos portugueses

Índice de desenvolvimento humano (dados de 2017, publicados em 2018).
Portugal ocupa a 42ª posição. Fonte: Wikipédia
Para além dos excessos alimentares referidos em textos anteriores (aqui e aqui), há muitos outros factores - culturais, sociais e económicos - que prejudicam seriamente a qualidade de vida dos cidadãos portugueses, tais como:
- a fraca condição económica, o mau governo (da elaboração das leis à sua execução) e a injusta distribuição de rendimentos, que coloca grande parte da população em dificuldade para suprir as despesas inevitáveis com alimentação, vestuário e calçado, energia eléctrica, rendas ou prestações da habitação e, pior ainda, para despender com a fruição de tempo de descanso e de lazer ou de enriquecimento cultural proporcionado por viagens, espectáculos, aquisição de livros, etc;
- a ignorância e a indigência cultural, agravada pela frequência de uma escola indisciplinada, mistificadora e grandemente ineficaz, principalmente na capacitação dos meninos provenientes de meios (mais) pobres, que ficam arredados dos mecanismos que funcionam como «elevador social», reproduzindo, ao invés, muitos dos condicionalismos dos seus pais e avós;
- a insuficiência da prática de exercício físico, quando não o mais drástico sedentarismo, que acorrenta corpo e espírito de jovens e adultos aos quilogramas acumulados, baixando a autoestima, prejudicando a relação do próprio consigo mesmo e com os outros e desencadeando doenças que cedo poderão ser incapacitantes, além de consumirem, aos pacientes e/ou às suas famílias, recursos em medicação, acompanhamento e reabilitação, quando possível…;
- fraca resistência de um número significativo de crianças e jovens a hábitos prejudiciais e dispendiosos como os do tabaco ou do consumo de álcool, que as famílias, primeiro, e a escola, depois, não conseguem prevenir tanto quanto seria desejável;
- formas culturais e tradicionais de machismo e autoritarismo, nalguns casos sob um «verniz» de «boas maneiras» que não resiste à constatação de muita (da) violência doméstica (e dos seus efeitos visíveis…), da (tão escandalosa como frequente e tolerada) violência no namoro ou do que se vê nas chamadas «praxes» dos jovens que frequentam os estabelecimentos do ensino superior;
- a falta de confiança no «sistema de justiça», na equidade do «fisco» e no procedimento recto das «forças de segurança», a que se somam a burocracia e precariedade da «segurança social» e a falta de prontidão e eficácia da «protecção civil»;
- a falta de qualidade de alguns meios de comunicação públicos (como a RTP), pagos com o dinheiro dos contribuintes que difundem sobretudo o que o mau gosto dominante prefere e o que os interesses da publicidade ditam.
Neste estado de coisas, 45 anos após o 25 de Abril, uma grande responsabilidade recai sobre os actores políticos, passados e actuais, da democracia portuguesa. Que o mesmo é dizer, sobre os cidadãos que os elege(ra)m.

José Batista d’Ascenção

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