sexta-feira, 29 de março de 2024

Política corrente: resolver problemas que não existem criando problemas que não conseguimos resolver.

Entre nós, teorias, normativos, burocracia, práticas e comportamentos emaranham-se sob um verniz de boas intenções aparentes, que tornam a vida das pessoas um inferno e desencadeiam turbilhões de novas situações irresolúveis ou quase. Neste fadário, uns poucos tiram proveito e proventos e a maioria não sai da cepa torta - aquele marasmo típico e desanimador.

É assim, da habitação aos bens públicos, da justiça à saúde, da produtividade aos vencimentos, da organização económica e social à acção política e da educação ao civismo.

Que utilidade teve o programa de apoio à habitação do anterior governo? Quantos portugueses serviu e quantos iludiu ou decepcionou? E agora, o que vamos ter?

Quando é que a justiça termina os processos dos poderosos e quando é que o ministério público pondera a espectacularidade televisiva das suas acções? Que descrédito resultou para uma e para o outro? E que prejuízo para os cidadãos e para a cidadania? E daqui para a frente?

A política de fecho de maternidades que benefícios trouxe e a quem e quantas grávidas (e suas famílias) prejudicou? E a confusão das urgências? Como vai ser, doravante?

A predação da banca e os enormes lucros que proporcionou em quanto extorquiu os cidadãos, particularmente os de menos rendimentos? Temos escapatória?

Que normas simples e claras para a escola lidar com a indisciplina e a violência crescentes? Quantos professores, alunos e funcionários s(er)ão vítimas? E que prejuízo para os cidadãos e a cidadania? Finalmente, alguém dará um pontapé em aberrações como o projecto Maia? 

Que benefícios resultaram da imposição de um (des)acordo ortográfico que vários países (de língua portuguesa) rejeitaram? Que dificuldades origina? Ninguém mexe naquilo?

Etc.

Por tudo isto e muito mais, Portugal é capaz de continuar a ser um país bom para emigrar. Velhos e novos que o digam.

Estamos condenados?

José Batista d’Ascenção

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