Não tenho dedicado uma atenção minuciosa à campanha eleitoral, que decorre desde as últimas eleições. Por culpa minha, reconheço, mas também pela impressão que me fica sempre que tento perceber as mensagens dos políticos, com destaque para os líderes partidários, já que os subalternos não adiantam mais.
Decepcionam-me os “candidados” a primeiro-ministro, o incumbente e o aspirante a estrear-se na função. Em termos éticos não compreendo nem aceito o papel de Montenegro. Isto de ser chefe do governo ao mesmo tempo que se tem uma empresa privada, sem funcionários, com sede na própria casa, deixa-me sem confiança. O que isto significa explicou-o muito bem Pacheco Pereira um dia destes num artigo do jornal «Público». Já Nuno Santos esbraceja na sua impulsividade com a energia de um náufrago. Creio que não vai longe, porque não convence senão os convencidos.
Há dias, o PSD reuniu à mesma mesa os seus líderes vivos, com excepção de Marcelo Rebelo de Sousa e de Pinto Balsemão, creio. Fez-me impressão: Santana Lopes (que abandonou o partido) ao lado de Durão Barroso, que lhe chamou mistura de «Zandinga» e mais qualquer coisa, e de Cavaco Silva, que lhe chamou «má moeda» e o teve como ajudante de ministro no governo para o manter calado. Santana indicara estar «escrito nos astros» que se bateria contra Durão Barroso e acusou Cavaco de lhe «dar chapadas» quando o seu (dele) governo estava na «incubadora». Cavaco ao lado de Fernando Nogueira, que “defenestrou” quando ele lhe sucedeu. Passos destoando de Montenegro, que se fez desentendido. E todos eles à mesa com Rui Rio, a quem boicotaram todo o tempo, até ser deposto da liderança. Podia tratar-se de pluralidade democrática, mas nunca teve a dignidade requerida pelo conceito.
No PS, António José Seguro, que nunca comungou das trafulhices de Sócrates, passou de alguma forma a proscrito. Já Augusto Santos Silva, uma sumidade cínica, navegou até ao cargo de segunda figura do estado, “incólume” à prática política de Sócrates e inflando o indescritível Ventura. Aquela mancha do partido (mais) lutador pela liberdade ainda permanece a meus olhos.
Dos pequenos partidos com assento parlamentar, vejo os seus líderes ou a defender ideias que não são novas ou a tentar lutar por conseguir ou manter um lugar de deputado.
Da extremíssima direita, prefiro não falar, por incompatibilidade. E aos outros não lhes presto atenção.
Mas irei às urnas, isso vou.
José Batista d’Ascenção
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