sexta-feira, 4 de maio de 2018

Portugal é um mar de corrupção?

Imagem obtida aqui.
É? – É.
Não é? – Não, não é.
A nossa mentalidade (a mentalidade dos portugueses, que não será pior do que a da generalidade das pessoas da maioria dos países) é como é: se me interessa, a norma (lei) deve cumprir-se; se algo é contrário aos meus interesses, a regra (ética) pode ser infringida, porque há muitos que também o fazem (impunemente).
O nosso sistema de (in)justiça funciona deficientemente, em tempos escandalosamente dilatados ou, simplesmente, não funciona, sobretudo quando são poderosos a (ou que deviam) sentar-se no banco dos réus. Ora, se não há justiça, se o crime compensa, não há democracia.
Genericamente (sim, eu generalizo), os nossos políticos e os nossos deputados são como são, e as leis – é convicção minha - são redigidas, em não poucos casos, pelos que representam ou têm interesses que se relacionam directamente com a execução dessas leis. Como pode o corpo legislativo servir a democracia e a justiça? Há quem afirme que temos boas leis. Eu pergunto como é que isso é possível, se são inaplicáveis ou não são aplicadas ou se se aplicam apenas em favor de quem pode...
Acontece que se os políticos não forem como são não os elegemos, simplesmente. As excepções, que as há, confirmam a regra. Um dia contrariei veementemente alguém que, perante referências de apreço sentido pela honestidade e hombridade de Ramalho Eanes, o apelidava de «pouco inteligente». Já os que roubam o país (e nos roubam), em negócios obscuros, em qualquer ramo: social, financeiro, económico, incluindo o desportivo, ou em tortuosa acção política, elevamo-los à condição de heróis…
O que merecemos, então?
Por outro lado, o sistema educativo é uma baralhada hipócrita de parangonas e princípios para «inglês ver». Queremos (?) altos valores de cidadania e conhecimento e não somos capazes de evitar barulho intenso nos corredores das escolas ou nas aulas, cenas de agressão entre alunos (e, em tempos relativamente recentes, não apenas entre alunos…), papéis ostensivamente deitados para o chão, copianços descarados que fazemos de conta que não vemos, chegando mesmo a deplorar a acção daqueles que não aceitam, não se calam e procuram (mais ou menos ineficazmente…) actuar. Esclareça-se desde já que não me refiro a nenhuma escola em particular, nem a qualquer das que suponho conhecer bem, refiro-me ao que é comum (e todos sabem que é real, embora já tenha sido pior) nas escolas públicas básicas e secundárias do meu país.
O que merecemos nós?
Sobre o que se ensina e sobre o exemplo que se dá às crianças no meio familiar não me pronuncio. Mas não estou (nada) convencido da adequação geral dos referenciais educativos quer em casa quer no meio social, económico, político, profissional, desportivo…
Sim, o que merecemos nós?
E contudo não nos faltam pessoas notáveis e exemplos paradigmáticos, no melhor sentido. Porque não vemos mais e melhor e mais longe e cada um para o íntimo de si mesmo?
Soubesse eu, e dizia.

José Batista d’Ascenção

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