quinta-feira, 9 de maio de 2019

Os choupos (fêmea) que produzem «algodão», embora acusados do mal que não provocam, não são boas opções para arborizações do espaço urbano

O «algodão» dos choupos. Imagem obtida aqui.
Na zona da cidade onde moro (Braga), como em muitas outras localidades, até esta altura, e desde há semanas, o ar esteve repleto de «algodão», que se acumulava em todos os recantos de terraços, varandas e escadas, invadindo também o interior das casas e provocando em muitas pessoas uma impressão de desconforto.
Não há motivos para receios de maior, porque os pólens causadores de alergia provêm de outras plantas, sendo que, neste caso, nem sequer estamos em presença de pólen.
Plantação de choupos.
Desde há alguns anos, optou-se pelo plantio de choupos, em escala razoável, nas cidades ou na sua periferia imediata. A sua madeira é muito fácil de trabalhar, foi muito usada para a produção de fósforos e palitos e também é explorada para a produção de celulose. Há choupos de várias espécies, pertencentes ao género Populus (Populus alba, Populus nigra, Populos tremula, etc), algumas das quais hibridam facilmente entre si. Estas plantas, que são dioicas, porquanto os sexos se encontram separados em indivíduos diferentes, crescem rapidamente e as sementes, produzidas pelas plantas fêmea, logo que o fruto abre, em algumas das espécies, apresentam «penugem algodoada» para serem dispersas pelo vento. É o caso do híbrido Populus x canadensis. Ora, tendo nós uma tão grande variedade de espécies vegetais, com taxas de crescimento diversas, e portes e caracteristicas muito diferentes, em função da conveniente adaptação aos factores climáticos e aos solos das várias regiões do país, pelo menos para efeitos decorativos ou preenchimento de espaços urbanos, não há necessidade de recorrer a espécies susceptíveis de desencadear problemas de saúde, sequer de desconforto, em pessoas ou animais. Neste caso, até podia recorrer-se (apenas) à plantação de choupos masculinos e o problema ficava resolvido. Mas há muitas alternativas, as quais incluem carvalhos, medronheiros, rododendros, azevinhos, loureiros, sabugueiros, loendros ou ericas, entre árvores e arbustos, opções que também não faltam entre as espécies de jardim de pequeno tamanho, onde até as humildes couves podem fazer excelente figura.
Outros problemas há, e maiores, com as plantas em Portugal, quem sabe se resultando em parte da nossa tendência para não valorizar o que é nativo (mesmo que bom) preferindo o que venha (ou que diligentemente transportamos) de fora, e que, não raro, redunda em cópia fastidiosamente repetida, sem vantagem, ou invasão descontrolada, causadora de prejuízo. Foi assim com os eucaliptos (estes «economicisticamente» rentáveis) e as acácias (de fraco aproveitamento económico, pelo menos por enquanto) ou com os «penachos» (a Cortaderia selloana, de que não tiramos qualquer proveito).
Ressalve-se, porém, que o problema não está nos seres vivos (plantas ou animais) exóticos. O uso ou o modo como os humanos fazem a sua dispersão pelos espaços é que pode não ser adequado e conveniente, pelo que sofrem(os) as consequências.

José Batista d’Ascenção

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