sábado, 7 de junho de 2025

A curiosidade, a agudeza e a inteligência dos bichos


O que se vê na imagem foram laranjas. E agora são cascas delas. Ou, mais especificamente, meias cascas de cinco laranjas. Correspondem aos últimos frutos de uma árvore que esteve carregadinha até fins de Abril. Deliciosas como nunca comi outras, estas laranjas. Em minha opinião e na de quantos vieram apanhá-las para não se perderem apodrecidas no chão.

Não se pense que foram roedores os bichinhos que, tendo aberto as laranjas de lado, assim como que retirando uma «tampa» circular, acederam artisticamente ao seu conteúdo, sumarento e agradavelmente doce. Foram pássaros.

Só podem ter sido, porque estes «fantasmas» de laranjas estavam na árvore, de porte razoável, nalguns casos a mais de três metros de altura do solo.

Como esculpiram as aves as cavidades nos frutos, tendo deixado só a casca, gostava eu de ter visto. Em duas delas ainda resta qualquer coisa, que mais nenhum pássaro vai aproveitar, porque lhes roubei essa possibilidade para fazer notícia do caso.

A inteligência, enquanto capacidade evolutiva de resolver problemas, não é exclusiva dos humanos, como bem sabemos. Os outros animais fazem-no igualmente, na luta pela sobrevivência, mas, quem sabe, talvez também para se deliciarem e gozarem prazeres que as oportunidades da vida consentem.

E nas plantas poderá, de modo idêntico, ser assim. Elas lutam umas com as outras, no solo e no ar, assim como podem servir-se mutuamente, se há ganho nisso. E têm meios de comunicar, sejam elas da mesma espécie ou de espécies diferentes. Uma comunicação química de que pouco sabemos.

A nossa vantagem, enquanto humanos, é que podemos reflectir sobre isso.

Lições não faltam.

José Batista d’Ascenção

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